PROJETO DE LEI Nº 171/2021
EMENTA:
DÁ O NOME DE PRAÇA DOS COMPOSITORES DONA IVONE LARA (1922/2018) DO GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA IMPÉRIO SERRANO AO LOGRADOURO PÚBLICO INOMINADO SITUADO NA AVENIDA MINISTRO EDGARD ROMERO ENTRE OS NUMEROS 123 E 125, NUMEROS ÍMPARES E NUMERO PAR 114
Autor(es): VEREADOR WALDIR BRAZÃO, VEREADOR MARCIO RIBEIRO, VEREADORA TERESA BERGHER, VEREADOR TARCÍSIO MOTTA
A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
D E C R E T A :
Art. 1º O Poder Executivo passará a denominar Praça dos Compositores Dona Ivone Lara (1922/2018) do Império serrano ao logradouro público inominado situado na Avenida Ministro Edgard Romero entre os números ímpares 123 e 125 e par 114.
Art. 2º Na execução desta Lei, o Poder Executivo observará o disposto na Lei nº 20, de 3 de outubro de 1977.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Plenário Teotônio Villela, 13 de abril de 2021.
JUSTIFICATIVA
Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano é uma das mais tradicionais escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. Dona de 9 títulos do Grupo Especial (1948, 1949, 1950, 1951, 1955,1956, 1960, 1972,1982), ocupa, junto com o Salgueiro, a posição de quarta maior vencedora no rol das campeãs do carnaval do Rio de Janeiro. Já foi também vice-campeã em dez oportunidades (1953, 1954, 1957, 1958, 1962, 1965, 1967, 1968, 1973 e 1984) e campeã do grupo de acesso quatro vezes (1998, 2000, 2008, 2017). A escola tem como padroeiro o santo São Jorge. Nasceu a 23 de março de 1947, a partir de uma dissidência da antiga escola de samba Prazer da Serrinha. Sua Ala de Compositores é uma das mais respeitadas, tendo em sua história nomes como Silas de Oliveira, Mano Décio, Aniceto do Império, Molequinho, Dona Ivone Lara (A primeira mulher a compor um Samba Enredo, Beto sem Braço, Aluísio Machado, Arlindo Cruz, Carlos Sena, só para citar alguns dentre tantos. Diante da imensa contribuição a cultura e a musica popular brasileira nada mais justo a CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO, apresentar o Projeto de Lei, dando o nome da PRAÇA DOS COMPOSITORES DO IMPERIO SERRANO, DONA IVONE LARA, em homenagem ao seu centenário.
Yvonne Lara da Costa, mais conhecida como Dona Ivone Lara, nascida no Rio de Janeiro, 13 de abril de 1922, foi uma cantora e compositora brasileira. Conhecida como Rainha do Samba e Grande Dama do Samba ela foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo e a fazer parte da ala de compositores de uma escola, a Império Serrano.
Formada em enfermagem e assistência social, antes de se consagrar como cantora e compositora, desempenharam importante papel como enfermeira na reforma psiquiátrica no Brasil, ao lado da médica Nise da Silveira, dedicando-se a essa atividade durante mais de trinta anos, antes de se aposentar e dedicar-se exclusivamente à carreira artística.
Dona Ivone Lara nasceu em 13 de abril de 1922, na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Foi a primeira filha da união entre a costureira Emerentina Bento da Silva e João da Silva Lara. Paralelamente ao trabalho, ambos tinham intensa vida musical: ele era violonista de sete cordas e desfilava no Bloco dos Africanos; ela era ótima cantora e emprestava sua voz de soprano a ranchos carnavalescos tradicionais do Rio de Janeiro, como o Flor do Abacate e o Ameno Resedá – nos quais seu João também se apresentava. Formada em enfermagem e serviço social, foi uma profissional na área durante mais de trinta anos até se aposentar em 1977.
Com a morte do pai, com menos de três anos de idade, e da mãe aos dezesseis.Foi criada pelos tios e com eles aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir samba, ao lado do primo Mestre Fuleiro; teve aulas de canto com Lucília Guimarães e recebeu elogios do marido desta, o maestro Villa-Lobos.
Casou-se em 4 de dezembro de 1947 com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha, com quem teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foram casados durante 28 anos, até a morte de Oscar. Foi no Prazer da Serrinha onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros em algumas composições, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira. Em 2008 ela perde seu filho Odir, vítima de complicações decorrentes da diabetes.
Dona Ivone morreu no dia 16 de abril de 2018 aos 96 anos, em conseqüência de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória após permanecer internada por três dias no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Rio de Janeiro. O velório aconteceu na Quadra do Império Serrano, sua escola do coração, em Madureira, na Zona Norte da cidade. O enterro de Dona Ivone aconteceu no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro. Essa importante artista completaria esse ano de 2022, 100 anos de vida. Por essa grande contribuição ao samba no Brasil, a Câmara do Município do Rio de Janeiro através do mandato do vereador Waldir Brazão vem através deste propor o Projeto de Lei que dá nome dessa importante personalidade a Praça de Compositores do Império Serrano Dona Ivone Lara a Dama do Samba.
Carreira como profissional de Saúde
Aos dezessete anos, Ivone entrou para a faculdade de enfermagem da atual Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde se graduou enfermeira. Aos 21 anos, prestou concurso público para o Ministério da Saúde e aos 25 foi contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Lá, especializou-se em terapia ocupacional com a médica psiquiatra Nise da Silveira, área em que desempenhou um papel fundamental na reforma psiquiátrica no Brasil a partir da década de 1970. Durante mais de três décadas ela atuou na Colônia Juliano Moreira, com pacientes de doenças mentais.
Ivone Lara também foi uma das primeiras mulheres formadas em assistência social no Brasil e uma das primeiras mulheres negras com curso superior no país. Seu trabalho nessa área foi tão importante que em 2016, professora da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Graziela Scheffer, publicou o artigo acadêmico “Serviço Social e Dona Ivone Lara: o lado negro e laico da nossa história profissional”.
Em uma época em que pacientes de doenças mentais eram institucionalizados e abandonados pela família, Ivone se deslocava para os municípios do Rio e de estados vizinhos, localizando parentes dos internos para apresentar uma visão diferente da maioria dos diagnósticos médicos, que desacreditavam a condição mental dessas pessoas. Tudo isso fazia parte de uma rotina terapêutica e de uma visão completamente nova que humanizava o tratamento da saúde mental. Além disso, Ivone trouxe a terapia musical para seus pacientes no Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Usando seus contatos, conseguia patrocínio para os instrumentos e a criação de uma oficina de música, que passou a apoiar festas e eventos de socialização entre os pacientes, seus familiares e os funcionários do hospital. Essa oficina mais tarde deu origem ao bloco de carnaval “Loucura Suburbana”, que existe até hoje. Em 1977, Ivone se aposentou da carreira em enfermagem e assistência social para se dedicar integralmente à sua carreira musical.
Carreira como cantora e compositora
Dona Ivone desfilando pelo Império em 1990. Compôs o samba Nasci para Sofrer, que se tornou o hino da escola de samba. Prazer da Serrinha, fundada na década de 40 e extinta em 1952. Com a fundação da escola de samba Império Serrano em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Também compôs o samba Não Me Perguntes, e a consagração veio em 1965, com Os Cinco Bailes da História do Rio, quando tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola de samba. Em 1975, seu filho Odir sofreu um acidente de carro, e por causa disso seu marido Oscar Costa teve um infarto fulminante e morreu. Apesar de seu marido nunca ter nada contra sua carreira, ele não gostava das rodas de samba.
Entrevistas e apresentações de Dona Ivone Lara, Lúcio Alves, Monarco e a Velha Guarda da Portela, 1977.Arquivo Nacional.
Dois anos depois, Ivone se aposentou da carreira como profissional da Saúde e passou a dedicar-se exclusivamente à carreira artística. Entre os intérpretes que gravaram suas composições destacam-se Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro, Roberta Sá, Marisa Monte e Dorina. Uma de suas composições mais conhecidas, em parceria com Délcio Carvalho, foi Sonho Meu, sucesso na voz de Maria Bethânia e Gal Costa em 1978, cujo álbum ultrapassou um milhão de cópias vendidas.
Dona Ivone também teve trabalhos como atriz, com participação em filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo. Em 2008, interpretou a canção Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço no projeto. Samba Social Clube. A faixa foi incluída, no ano seguinte, em uma coletânea com as melhores performances do projeto.
Em 2012, foi homenageada pelo Império Serrano, no grupo de acesso, com o enredo Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba. Em 2010 foi a homenageada na 21.ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Em dezembro de 2014 foi a homenageada na 19.ª edição do Trem do Samba. Um mês antes, Dona Ivone havia participado do primeiro dia de gravações do Sambabook, em homenagem à sua carreira da gravadora Musickeria. Cantores como Maria Bethânia, Elba Ramalho, Criolo, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila,Arlindo Cruz, Adriana Calcanhoto, Zélia Duncan e Reinaldo, O Príncipe do Pagode fizeram versões de canções de Dona Ivone, enquanto ela própria gravou com Diogo Nogueira uma canção inédita, composta com seu neto, André. Em 2015, entrou para a lista das “Dez Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio”.
Morte
Dona Ivone morreu no dia 16 de abril de 2018 aos 96 anos, em conseqüência de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória após permanecer internada por três dias no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Rio de Janeiro. O velório aconteceu na Quadra do Império Serrano, sua escola do coração, em Madureira, na Zona Norte da cidade. O enterro de Dona Ivone aconteceu no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro.